19 de novembro de 2007

É duro ser meio burro...


Eu cursei uma faculdade particular de Direito. Só isso já me desqualificaria para uma conversa mais intelectualizada. Mas ainda acho que o pior não foi ter feito Direito numa faculdade privada (entendam como quiserem...). Tenho quase certeza de que o pior foi ter brincado o curso todo e não ter levado os estudos a sério.

É estranho ter uma crise de consciência assim, sabe. E só estou dizendo isso agora porque já tem quase um ano que me graduei e só agora é que consegui ter alguma esperança. É que só agora consegui passar no quase inexpugnável Exame da Ordem, requisito obrigatório para quem quer ser advogado hoje em dia.

Não que eu queira ser advogado. Não, não é isso. Mas eu aprecio um bom desafio e o Exame é um dos que eu posso enfrentar, no momento (é que Magistratura e MP exigem três anos de prática forense comprovados, o que, já que não tem ainda um ano desde que me formei, é impossível e eu que não vou gastar 300 mangos só para me testar).

"Mas se você passou nesse tal 'Exame da Ordem', qual a razão do texto?"

É, eu sei, passar é difícil pácarái, mas não é essa a questão. A questão é que já fiz cerca de 5 concursos e 2 Exames da Ordem, mas só passei em 1 de cada. É isso que me irrita. Acaso eu tivesse aproveitado melhor os últimos 6 anos de minha vida, eu não precisaria ser um advogado hoje. O único concurso em que passei provavelmente não me chamará nunca e, por conta disso, estou em disponibilidade no mercado de trabalho (desempregado mesmo), o que me levará a atuar como advogado, já que preciso de grana e ficar dependendo do meu pai não me agrada.

Eu não me acho intelectualmente inferior a ninguém. Prova disso é que consegui passar. Do que eu reclamo, então? Do meu comodismo. Eu passei os 5 anos da faculdade tranqüilo, fazendo estágio e ganhando um dinheirinho, que era pouco, é verdade, mas era o suficiente. E, por ser o suficiente para um cara que mora com os pais, nunca me preocupei com o futuro e nunca levei os estudos a sério.

Eu nunca reprovei em idade escolar (contando do maternal ao término da graduação). Isso deve provar que não sou totalmente inapto, apenas um pouco desleixado. Se eu tivesse levado meus estudos mais a sério eu, provavelmente, poderia escrever mais por aqui. Mais e melhor, já que seria um cara mais letrado e escreveria coisas mais legais.

Mas assim não foi. E não é. Eu sou uma besta por nunca ter levado a vida a sério. O que eu posso fazer se a seriedade tira toda a graça da vida?

Não estou, com este texto, dizendo que vou deixar de ser relapso e que vou me tornar um adulto responsável. Penso que tal milagre jamais se dará. Mas fica o texto como uma mera reflexão de minha parte acerca das coisas que já deixei de fazer, ou que não fiz a contento.

6 de novembro de 2007

0 = plural?


No post anterior eu mencionei alguma coisa sobre a pluralidade do zero. Não sei se faz sentido para mais alguém além de mim, mas, levando-se em consideração que o único número realmente singular é o 1, só é possível chegar à conclusão que todo número que não o 1 não é singular. Em não sendo singular, só resta aos outros números serem plurais. Não existe (ao menos que eu saiba) outra classificação: ou se é singular ou se é plural; se não é um, certamente será o outro.

Por isso eu disse "o zero ainda não é aceito como plural". Porque ele é plural, mas o restante da comunidade científica ainda não aceita essa simples realidade. Ignorantes, é o que eles são.

Só isso. Até mais!

Ira!


Não, não vou falar da banda, mas sim do pecado. Aliás, não sei qual é o problema que as pessoas têm com os Sete Pecados Capitais, já que, além da Ira, me afeiçoei bastante à Luxúria e à Gula, coisa que, imagino, não deveria ser considerado normal. Mas isso é divagação para outro post. Aqui, hoje, trataremos apenas da Ira.

Concordo com o Marconi que não é sempre que há a possibilidade de se acordar de bom humor. Principalmente quando se tem que acordar cedo. Ou quando acontece, logo cedo, algo como o que foi descrito no texto linkado.

Mas eu costumo acordar de bom humor. O que não aconteceu na quinta-feira passada. Ou melhor, aconteceu. O problema é que logo que acordei ocorreu um pequeno (pequeno mesmo) contratempo que me deixou de mau humor por todo o dia.

Tenho que ser justo e dizer que o fato me deixou bastante meditabundo também. Tanto que, finalmente, consegui entender um dos grandes mistérios da humanidade: por que Nero incendiou Roma?

A resposta é tão simples e tão óbvia que chega a doer. E como dói! Mas vou deixar que vocês, noblíssimos leitores (se é que zero já é aceito como plural), descubram, nas próximas linhas, o que motivou o Imperador Nero. Para tanto vou contar o ocorrido na quinta-feira.

Acontece que na quinta-feira acordei como se fosse qualquer dia normal e sem graça de minha fútil existência. Não poderia estar mais enganado. Tão logo me ponho de pé e me encaminho para a cozinha, para o desjejum, eis que se dá um fato mefistofélico, que me levaria a profundas reflexões (e a um profundo instinto assassino, o qual seria o suficiente para exterminar todos o pedreiros que encontrasse daqui até Roraima, se é que tal lugar existe). No caminho, ainda um tanto sonolento, não vi onde ia exatamente e terminei por dar a famosa topada na quina do sofá da sala. Ah, a dor que ultrapassa a dor, senhoras e senhores. A imensurável vontade de destruir, destroçar qualquer coisa que cruzasse o meu caminho.

Foi então a conheci. Ela, a Ira. A mesma que, certamente, visitou Nero quando este, quase certamente, acordou numa quinta-feira qualquer, em sua moradia em Roma e, estando ainda sonolento, deu uma topada com o dedinho em algum móvel bastante resistente. Não há outra explicação plausível para o incêndio. Piromania? Pfff! Só quem passou pelo flagelo da topada é que conhece os sentimentos negativos que a mesma pode inflingir ao ser humano.

Por isso eu reafirmo que, não fosse por uma aparentemente inocente topada, Roma jamais teria sido parcialmente destruída por um incêndio.

Quanto ao genocídio de trabalhadores da construção civil, tal desejo se deu pelo fato de o sofá da sala da casa de meus pais ser fixo, feito de tijolos e concreto e recoberto, em toda a sua superfície, por ardósia. Parece bonito (e é!), mas pode ser perigoso (e como é...). Exemplo disso é um primo meu que, correndo pela casa, quando mais novo, se desequilibrou e caiu, arranhando a cabeça em uma das quinas do braço do sofá. Foi um corte lindo, digno de acidente automobilístico e que, caso meu primo deixasse, seria capaz de receber bem uns seis ou sete pontos.

Mas é isso. Topada no dedo dói à beça e esse excesso de dor é capaz de fazer qualquer cristão devorar o leão, tamanho o ódio que a escruciante dor tem o dom de produzir.

Até a próxima.

2 de novembro de 2007

Operação “Ouro Branco”


Legal o nome com que a Polícia Federal batizou seu último rompante de apreensões. Sobre os nomes de operação da PF eu escrevo em outra oportunidade. O que me move a falar acerca do ocorrido é a estupefação geral pelo ocorrido. Explico-me.

A PF descobriu, por meio de denúncia, que uma cooperativa que industrializava (por assim dizer) leite, no sul de Minas Gerais, estava adulterando o “ouro branco” que deu nome à operação. A adulteração era feita com a adição de água oxigenada (muito utilizada na medicina e na cosmética) e, às vezes (sei...), soda cáustica.

É realmente alarmante tal notícia. Mas, chocante mesmo, é ver a indignação geral da Nação. As pessoas estão todas abismadas com o golpe; todas se roendo por dentro (foi involuntário, juro) ao ver que foram passadas para trás; todas revoltadas ao ver que alguém não teve nenhum escrúpulo para tentar ganhar dinheiro, fazendo todos os consumidores de otários.

É absolutamente estranha essa reação, já que sempre imaginei que fosse essa a essência do povo brasileiro: levar o máximo de vantagem, fazendo de trouxa quantas pessoas fosse possível. Achei até que era um dos Postulados Básicos da Economia Nacional.

Digo isso porque acho meio incongruente que as pessoas que reclamam do golpe sejam exatamente as mesmas que passam pelo sinal vermelho, não param na faixa (ou, quando o fazem, é sobre a mesma), jogam lixo no chão, furam fila, não devolvem o troco passado a mais e ainda votam no Maluf e no Frank Aguiar. Ou seja, pessoas que vivem dando golpes que, inevitavelmente, irão prejudicar alguém, mas que nunca se importaram com isso, afinal estavam levando alguma vantagem (embora nos dois últimos casos eu, de baixo da minha ignorância, não consiga visualizar nenhuma). Agora quando é no deles não pode?

Eu achava que brasileiro era só burro, mas vejo que é hipócrita também. Há quem diga que não há burrice entre os brasileiros, já que o poder de aplicar golpes demonstra alguma esperteza. É exatamente essa esperteza a que chamo burrice. Justifico tal afirmação com a Ação e Reação. A todo golpe que se dá corresponde outro (às vezes de mesma intensidade), mas em sentido contrário. É o popular aqui se faz, aqui se paga.

Mas brasileiro não tem jeito mesmo. Tenho certeza que ainda há os que queiram justificar seus pequenos delitos dizendo que são coisas diferentes, já que, no caso do leite, há risco gravíssimo para a saúde, apesar do que afirma o inventor da fórmula. Quanto a isso, só posso dizer que, para mim, não importa a gravidade do crime: quem o comete é um criminoso e bandido tem mais é que ser punido mesmo.

Infelizmente a única patrulha que temos para os pequenos deslizes não tem funcionado muito bem, já que se trata da própria consciência de cada um, item que, juntamente com o raciocínio lógico e a honestidade no Congresso e na mídia comum, está irremediavelmente em falta.

Mas, assim como as baratas, a esperança é a última que morre, motivo pelo qual eu continuo no meu firme propósito de esperar (e até rezaria, caso houvesse em mim algum resquício de fé) que sofra uma parada cardíaca todo aquele que comete os pequenos delitos já mencionados. E um derrame com danos cerebrais permanentes, tornando um vegetal todo político que desvia verba e qualquer um que utilizasse qualquer espécie de droga (lícitas ou não).

É o único jeito de salvar o País, embora eu já fique feliz ao ler Darwin Awards e ver que o evolucionismo realmente está fazendo sua parte para melhorar nossa qualidade genética. A gente bem que podia fazer o mesmo e começar a matar alguns idiotas por aí, tipo gente que joga lixo no chão (pela janela do carro vale uma tortura antes de matar). É só uma idéia, mas, como já dizia o profeta: “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. E vá lá, seria muito divertido, eu garanto.