23 de abril de 2008

Como nos velhos tempos...


Atualmente eu tenho me sentido cada vez mais um romano. Não, nobre leitor, você não leu errado: é romano mesmo. Mais para frente fica tudo explicadinho, como sempre. Por enquanto vamos nos ater a alguns fatos que, apesar de parecer teoria da conspiração, não passa de uma qualidade que o pessoal da TV tem que eu invejo demais, que é o senso de oportunidade. Não entendeu, né? Explico no próximo parágrafo. A ele, então!

Eu não acredito e simplesmente não consigo achar sequer minimamente racional se acreditar em algo como o acaso ou a coincidência. De fato, coisas desse tipo não têm como existir. Não fazem sentido. Entretanto, olhem só como é o nosso País e vejam se não tem algo de estranho nos fatos narrados no próximo parágrafo (é, eu tenho compulsão por fazer parágrafos, qual é o problema? Tem gente que é vascaíno, corinthiano e outras coisas de "segunda" linha, oras...).

Há algum tempo (bem pouco tempo, se bem me lembro) houve uma fiscalização finalmente levada a sério e descobriu-se que havia algo de estranho no reino dos cartões corporativos. Gozado que, quando a CPI começou a arrochar mesmo, já tendo convocado convidado a senhora ministra-chefe da Casa Civil para depor perante os parlamentares, misteriosamente as TVs, jornais e revistas (salvo algumas louváveis exceções) deixaram de dar destaque para o ocorrido, ocupando sua programação com assuntos de menor importância, mas com impacto fulminante nos corações dos fracos e imbecis em geral, que ainda não entenderam que todo mundo morre um dia; gente que ainda se comove com a morte de quem não é sequer amigo, quanto mais parente seu.

Sim, caríssimo visitante, é isso mesmo que você, do alto de sua sapiência, está pensando: estou falando (mais uma maldita vez, devo reconhecer) do caso Isabella Nardoni. Essa guria não podia ter escolhido hora melhor (na visão dos políticos e da mídia em geral) para brincar de (coloque aqui o nome de qualquer super-heroína que possa voar, pois não me lembro de nenhuma agora). É um homicídio de uma criança, onde há a possibilidade de ter o mesmo sido cometido pelo pai ou pela madrasta da menina? Sim, esse é o caso. E daí? É só mais um caso, entre tantos que não são noticiados. Violência doméstica é algo tão banal em nosso País que foi editada a Lei 11.340/06 (conhecida com Lei Maria da Penha) para tentar coibir ao máximo a violência doméstica contra a mulher (criança também entra na conta, aqui). Se fosse uma coisa esporádica, fora do comum, as leis que existiam antes da 11340 seriam suficientes. Violência doméstica é, infelizmente, uma coisa normal, hoje em dia em nosso País. Tanto é uma coisa comum que, dois dias depois de Isabella, teve outra criança, não lembro onde, que foi jogada de um prédio.

[mode "alerta contra imbecis que não entendem o que lêem": on]

Não estou aqui dizendo que concordo com a violência doméstica. Não concordo e acho que o cara que espanca a família tem levar uma boa sova dos meganha, de quebrar ossos, para entender o significado da palavra covardia. Mas o fato de eu não concordar com determinada prática, não quer dizer que eu tenho que ser um mané e fingir que isso não acontece. Acontece sim, todos os dias e bem mais do que vocês possam imaginar. Portanto não percam seu tempo me atacando dizendo que eu fasso apologia à violência doméstica, ou que eu sou um fã do casal Nardoni, porque eu não faço e não sou.

[mode "alerta contra imbecis que não entendem o que lêem": off]

Perceberam o que eu estou dizendo? A mídia estava noticiando cada passo dos cartões corporativos que se a vida deles dependesse disso. Do dia para a noite tudo muda. Acontece de uma menina totalmente comum tentar voar do sexto andar do prédio onde morava e isso se transformar numa história de assassinato que envolve ciúme, possessividade, inveja, amor e ódio... Enfim, todos os ingredientes que fariam uma novela mexicana (ou do SBT, tanto faz) de sucesso. E param de noticiar (ou reduzem o espaço de tais notícias) sobre o que realmente importa: que fim vai levar aquele bando de safado que sempre dá um jeitinho de se utilizar do NOSSO dinheiro para seus próprios fins.

OI! Volta para a realidade, filho!

O que ocorre realmente é que, certamente, houve alguma pressão de políticos interessados na não continuação da CPI ou da não punição dos culpados sobre os meios de comunicação massivos (a televisão, principalmente) para que dessem um jeito de não ficar em cima das investigações e apurações de eventuais desvios feito com o uso dos tais dos cartões (aliás, quem foi o ser tremendamente estúpido que inventou de dar cartão de crédito a político?).

Aí é que vem a qualidade da mídia que eu invejo: o senso de oportunidade. Os caras foram capazes de transformar um caso banal no mais brutal crime já cometido no País. Eles tiveram a manha de ocupar mais de 1/3 da sua programação (no caso das TVs) só com notícias (na maioria das vezes, absolutamente irrelevantes) sobre o andamento do caso Isabella Nardoni. Até eu entrei nesse estapafúrdio círculo, já tendo falado do mesmo assunto mais de uma vez, coisa que é rara por estas plagas.

Aí, na boa: sou eu, ou realmente há algo de estranho acontecendo por aqui? Não é possível que seja coincidência e não acredito que alguém matou aquela (justamente aquela) guria só para encobrir as merdas que o governo faz. Só o senso de oportunidade explica isso. Mas vejam que é extamente o que está parecendo.

[momento viagem: on]
Até visualizo os deuses (aliens) concatenando lá em cima:

- Caráleos, já estão chegando perto com esse negócio de CPI. O que podemos fazer para que ninguém nos descubra?
- Sei lá. Vamos tentar chamar a atenção do estúpido povo brasileiro para alguma outra coisa. O que faz sucesso nesse País de sub-cultura?
- Carnaval, bunda, final misterioso de novela e copa do mundo...
- Ah, que saudade daquela Odete Roitman! Lembro que muita merda que os políticos da época fizeram ficou por isso mesmo. A Constituição Federal, por exemplo. Quer demonstração maior de manipulação do povo em favor dos parlamentares? A CF pode, tranqüilamente, ser chamada de mãe pelos políticos do País, graças às prerrogativas de foro e outras putarias que envergonhariam até o Al Capone.
- É, foi jogada de mestre aquela.
- Mas não tem nenhuma novela que seja tão interessante e que tenha um mistério razoável, como teve em Vale-Tudo. O carnaval também já passou. Isso não ajuda em nada. A Copa vai demorar. Bunda é algo que ainda desperta alguma atenção, mas não é como antigamente: hoje em dia, toda mulher mostra a bunda por aí, então nem causa mais comoção.
- Então, que tal... Que tal um crime bárbaro?
- Taí, essa é uma boa idéia. Como vai ser?
- Sei lá. Vamos matar uma criança e fazer parecer que foi o pai dela. Os humanos não podem nos ver mesmo, então todos vão achar que foi ele mesmo. Só que nós precisamos é de uma boa cobertura da mídia.
Eis que entra o ilustríssimo senhor Roberto Marinho e diz:
- Sem problema, chefia! Minha Rede vai noticiar isso 24 horas por dia.
Não bastando um pilantra, aparece também o ACM e diz:
- E eu manipulo os números do IBOPE para as outras emissoras ficarem com inveja e noticiarem também. Tenho larga experiência com placares eletrônicos e essas coisas...
[momento viagem: off]

Eu sei que não existem deuses e que, caso eles existissem, Roberto Marinho e ACM certamente não estariam no céu com eles. Mas parece que foi tudo armado. E vocês ficam aí, tentando descobrir quem matou a Odete Roitman Isabella Nardoni, com o que tem acontecido com os BBBestas e o que está acontecendo nas novelas e pseudo programas de humor (sério, Dado, Zorra Total e Toma lá Dá cá não têm nenhuma graça...).

Sério mesmo. Por que a gente não faz logo a Revolução, hein? Eu acho que os políticos são vão melhorar quando começarem a aparecer cabeças de parlamentares em estacas na porta do Congresso. E o povo só vai aprender a dar valor na sua liberdade e nos seus direitos quando vier uma ditadura e lhes tirar tudo isso. Também não gosto de totalitarismo, mas acho que toda forma de governo é justa, quando é em prol do povo. Sério, velho, eu quer ditadura já... É o único jeito de fazer o povo se preocupar com o seu futuro e com o futuro do País.

Nas últimas ditaduras as artes brasileiras floresceram para algo realmente bom, como a Bossa Nova e a Tropicália, por exemplo. Em nossos tempos de democracia (é isso mesmo, democracia significa sistema de governo do demo...) o que temos é o axé, o funk carioca, a Kelly Key e o Latino. Shame on you, Brazil!

É por isso que me sinto um romano: eles estão usando da velha tática dos Césares, que é a “manobra pão e circo”. Explicando: o imperador (não, não é o Adriano, ô asno), que no caso é aqui representado pelo Presidente, concede ao povo (eu copiei a idéia desse link do blog Catarro Verde, cujo link se encontra no lado direito de quem está lendo isso), mediante políticas assistencialistas, o que comer (bolsa-isso, bolsa-aquilo, bolsa-aquiloutro...) e, através de um jogo político com os meios de comunicação, oferece ao povo a diversão necessária para que fiquem encobertas as falcatruas. Coisa de gênio, não? Não! É coisa de bandido, mesmo.

Abraços e não durmam tranqüilos, pois vocês estão sendo enganados e tratados como os imbecis que são e, como manés que também são, não vão fazer nada para mudar isso. Na boa, o que é mais importante? O julgamento de um assassino que cometeu um só crime contra uma única pessoa, ou a punição exemplar de quem traiu nossa confiança no Poder e ainda tenta nos fazer de otários? Eu tô me lixando pra Isabella; eu quero saber é da Dilma e do Renan...