2 de novembro de 2007

Operação “Ouro Branco”


Legal o nome com que a Polícia Federal batizou seu último rompante de apreensões. Sobre os nomes de operação da PF eu escrevo em outra oportunidade. O que me move a falar acerca do ocorrido é a estupefação geral pelo ocorrido. Explico-me.

A PF descobriu, por meio de denúncia, que uma cooperativa que industrializava (por assim dizer) leite, no sul de Minas Gerais, estava adulterando o “ouro branco” que deu nome à operação. A adulteração era feita com a adição de água oxigenada (muito utilizada na medicina e na cosmética) e, às vezes (sei...), soda cáustica.

É realmente alarmante tal notícia. Mas, chocante mesmo, é ver a indignação geral da Nação. As pessoas estão todas abismadas com o golpe; todas se roendo por dentro (foi involuntário, juro) ao ver que foram passadas para trás; todas revoltadas ao ver que alguém não teve nenhum escrúpulo para tentar ganhar dinheiro, fazendo todos os consumidores de otários.

É absolutamente estranha essa reação, já que sempre imaginei que fosse essa a essência do povo brasileiro: levar o máximo de vantagem, fazendo de trouxa quantas pessoas fosse possível. Achei até que era um dos Postulados Básicos da Economia Nacional.

Digo isso porque acho meio incongruente que as pessoas que reclamam do golpe sejam exatamente as mesmas que passam pelo sinal vermelho, não param na faixa (ou, quando o fazem, é sobre a mesma), jogam lixo no chão, furam fila, não devolvem o troco passado a mais e ainda votam no Maluf e no Frank Aguiar. Ou seja, pessoas que vivem dando golpes que, inevitavelmente, irão prejudicar alguém, mas que nunca se importaram com isso, afinal estavam levando alguma vantagem (embora nos dois últimos casos eu, de baixo da minha ignorância, não consiga visualizar nenhuma). Agora quando é no deles não pode?

Eu achava que brasileiro era só burro, mas vejo que é hipócrita também. Há quem diga que não há burrice entre os brasileiros, já que o poder de aplicar golpes demonstra alguma esperteza. É exatamente essa esperteza a que chamo burrice. Justifico tal afirmação com a Ação e Reação. A todo golpe que se dá corresponde outro (às vezes de mesma intensidade), mas em sentido contrário. É o popular aqui se faz, aqui se paga.

Mas brasileiro não tem jeito mesmo. Tenho certeza que ainda há os que queiram justificar seus pequenos delitos dizendo que são coisas diferentes, já que, no caso do leite, há risco gravíssimo para a saúde, apesar do que afirma o inventor da fórmula. Quanto a isso, só posso dizer que, para mim, não importa a gravidade do crime: quem o comete é um criminoso e bandido tem mais é que ser punido mesmo.

Infelizmente a única patrulha que temos para os pequenos deslizes não tem funcionado muito bem, já que se trata da própria consciência de cada um, item que, juntamente com o raciocínio lógico e a honestidade no Congresso e na mídia comum, está irremediavelmente em falta.

Mas, assim como as baratas, a esperança é a última que morre, motivo pelo qual eu continuo no meu firme propósito de esperar (e até rezaria, caso houvesse em mim algum resquício de fé) que sofra uma parada cardíaca todo aquele que comete os pequenos delitos já mencionados. E um derrame com danos cerebrais permanentes, tornando um vegetal todo político que desvia verba e qualquer um que utilizasse qualquer espécie de droga (lícitas ou não).

É o único jeito de salvar o País, embora eu já fique feliz ao ler Darwin Awards e ver que o evolucionismo realmente está fazendo sua parte para melhorar nossa qualidade genética. A gente bem que podia fazer o mesmo e começar a matar alguns idiotas por aí, tipo gente que joga lixo no chão (pela janela do carro vale uma tortura antes de matar). É só uma idéia, mas, como já dizia o profeta: “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. E vá lá, seria muito divertido, eu garanto.