6 de novembro de 2007

Ira!


Não, não vou falar da banda, mas sim do pecado. Aliás, não sei qual é o problema que as pessoas têm com os Sete Pecados Capitais, já que, além da Ira, me afeiçoei bastante à Luxúria e à Gula, coisa que, imagino, não deveria ser considerado normal. Mas isso é divagação para outro post. Aqui, hoje, trataremos apenas da Ira.

Concordo com o Marconi que não é sempre que há a possibilidade de se acordar de bom humor. Principalmente quando se tem que acordar cedo. Ou quando acontece, logo cedo, algo como o que foi descrito no texto linkado.

Mas eu costumo acordar de bom humor. O que não aconteceu na quinta-feira passada. Ou melhor, aconteceu. O problema é que logo que acordei ocorreu um pequeno (pequeno mesmo) contratempo que me deixou de mau humor por todo o dia.

Tenho que ser justo e dizer que o fato me deixou bastante meditabundo também. Tanto que, finalmente, consegui entender um dos grandes mistérios da humanidade: por que Nero incendiou Roma?

A resposta é tão simples e tão óbvia que chega a doer. E como dói! Mas vou deixar que vocês, noblíssimos leitores (se é que zero já é aceito como plural), descubram, nas próximas linhas, o que motivou o Imperador Nero. Para tanto vou contar o ocorrido na quinta-feira.

Acontece que na quinta-feira acordei como se fosse qualquer dia normal e sem graça de minha fútil existência. Não poderia estar mais enganado. Tão logo me ponho de pé e me encaminho para a cozinha, para o desjejum, eis que se dá um fato mefistofélico, que me levaria a profundas reflexões (e a um profundo instinto assassino, o qual seria o suficiente para exterminar todos o pedreiros que encontrasse daqui até Roraima, se é que tal lugar existe). No caminho, ainda um tanto sonolento, não vi onde ia exatamente e terminei por dar a famosa topada na quina do sofá da sala. Ah, a dor que ultrapassa a dor, senhoras e senhores. A imensurável vontade de destruir, destroçar qualquer coisa que cruzasse o meu caminho.

Foi então a conheci. Ela, a Ira. A mesma que, certamente, visitou Nero quando este, quase certamente, acordou numa quinta-feira qualquer, em sua moradia em Roma e, estando ainda sonolento, deu uma topada com o dedinho em algum móvel bastante resistente. Não há outra explicação plausível para o incêndio. Piromania? Pfff! Só quem passou pelo flagelo da topada é que conhece os sentimentos negativos que a mesma pode inflingir ao ser humano.

Por isso eu reafirmo que, não fosse por uma aparentemente inocente topada, Roma jamais teria sido parcialmente destruída por um incêndio.

Quanto ao genocídio de trabalhadores da construção civil, tal desejo se deu pelo fato de o sofá da sala da casa de meus pais ser fixo, feito de tijolos e concreto e recoberto, em toda a sua superfície, por ardósia. Parece bonito (e é!), mas pode ser perigoso (e como é...). Exemplo disso é um primo meu que, correndo pela casa, quando mais novo, se desequilibrou e caiu, arranhando a cabeça em uma das quinas do braço do sofá. Foi um corte lindo, digno de acidente automobilístico e que, caso meu primo deixasse, seria capaz de receber bem uns seis ou sete pontos.

Mas é isso. Topada no dedo dói à beça e esse excesso de dor é capaz de fazer qualquer cristão devorar o leão, tamanho o ódio que a escruciante dor tem o dom de produzir.

Até a próxima.