3 de maio de 2007

Who wants to live forever?


Sei que prometi postar ainda ontem, mas tive alguns problemas, então eu posto hoje. O texto é bem grandinho.

Estou ouvindo a música cujo título é o mesmo do presente post e isso me fez pensar que hoje eu poderia tocar num ponto sensível para a maioria dos humanos que crêem em algo superior: a religião. Portanto, ilustre desconhecido que lê isto aqui, se não é do seu agrado que questões relativas às religiões sejam debatidas, melhor que você procure outra coisa para fazer, pois eu pretendo dar uma cutucada em certas feridas.

É. Dizem que religião, juntamente com política, futebol e gosto musical são coisas que não se deve discutir para não gerar desentendimentos. Concordo com a questão do gosto musical, afinal é extremamente difícil convencer um funkeiro que funk é uma coisa idiota. Mas não estamos aqui para falar disso, embora toda pessoa de bem saiba que funk é lixo.

A música que empresta sua filosofia a este post é da banda inglesa Queen, que tinha como líder ninguém menos que Freddie Mercury, o bigode mais famoso da história, mas isso é irrelevante. A música, que quem tem um inglês hot dog já sabe, faz a seguinte pergunta: quem quer viver para sempre? É um questionamento muito justo, afinal, quem é que pode dizer que já fez tudo o que queria na vida? E quem é que gostaria de viver até ter feito tudo, pagando, para isso, o preço de ver seus amigos e familiares irem embora? Afinal, se tem uma coisa que aprendi com a vida é que nada é de graça: tudo, absolutamente tudo, tem um preço.

É sobre a última dúvida que quero falar neste post. E é por causa dela que vou falar em religiões, mas não agora. Antes vou divagar sobre a pergunta (pero no tanto).

Veja bem: você gostaria de conquistar todas as suas glórias, de fazer tudo o que você tem vontade, mas não ter ninguém para dividir tudo isso? Quando digo “ninguém” não estou falando de você ser o último ser humano do planeta. Não, não é isso. É simplesmente o fato de não ter mais alguns dos seus amigos. Aquelas pessoas que outrora foram seus comparsas e que adorariam dividir suas aventuras com você. Pois é disso que estou falando.

Será que vale a pena realizar todos os seus sonhos sozinho? Será que é uma sensação agradável assistir à morte da pessoa amada e você saber que, não importa quantas pessoas amadas você tenha durante sua existência, todas vão envelhecer e morrer enquanto você segue por todo o sempre?

Pensem um pouco nisso, vai. Eu espero. Não vou viver para sempre, mas acho que temos todo o tempo do mundo.

Já pensou? Tem certeza? Agora vamos entrar na questão delicada da coisa, então é melhor que você esteja certo que quer continuar. Ainda aqui? Então tá, a escolha (e, conseqüentemente, o problema) é inteiramente por sua conta.

Eu não gostaria de uma vida assim, sem as pessoas que me cercam. E também acho que viver para sempre acaba, uma hora, enchendo o saco. É isso mesmo. Pense bem: você vê pessoas nascendo, morrendo, a mesma ladainha se repetindo ad eternum (não falo latim, então não sei se a expressão está escrita de forma correta) até chegar ao ponto em que você estará entediado o suficiente para cometer suicídio, só para ver se tem alguma aventura após a morte. Ou alguém vai me dizer que gosta de rotina? Ó o nariz crescendo...

Agora a questão sensível: como é, então, que a maioria (senão a unanimidade) das religiões monoteístas querem me convencer que o Paraíso é uma coisa boa? Ora, se até de uma vida, em que as possibilidades são imensas, é possível se enfastiar, quem dirá daquele paradão, onde não há sexo, jogos e rock´n´roll (não uso e não aprovo drogas, como já devem ter percebido)? E o pior: nem a idéia reconfortante do suicídio podemos ter, afinal já estaremos mortos e não teremos mais para onde ir. Isso, é claro, segundo as religiões mais chatas.

Dá para entender o problema? Não né, afinal nós sempre contaremos com as pessoas que amamos. Será? Se eu acreditasse nessas besteiras, eu afirmaria categoricamente que eu vou para o inferno. Cara, eu não considero digna de nota nenhuma crença que não possa ser explicada racionalmente e não tenho o menor respeito pela Bíblia (ou qualquer outro livro “sagrado”). A bem da verdade, considero qualquer livro dito sagrado um verdadeiro embuste.

Vamos falar (mal) da Bíblia, que é mais conhecida por nós brasileiros que os outros livros. Nem os livros do Dan Brown são tão contraditórios e nunca houve um livro tão mal escrito em toda a história, com aquela divisão aborrecidíssima em versículos que, às vezes, pulam de um para outro sem nenhum critério gramatical coerente e chegam a interromper uma narrativa, de outro modo, deveras interessante. Além do mais, é pedir muito que pessoas com um mínimo de senso racional acreditem que o Deus temperamental (fresco) e encrenqueiro do Velho Testamento seja o mesmo hippie paz e amor que Jesus Cristo disse representar, ou seja, pessoas minimamente racionais não aderem a religião alguma. O próprio JC tem cara de hippie, segundo o que pude averiguar por aí.

Com exceção da versão do Marco Aurélio, do JMC, a Bíblia ainda peca pela dificuldade de leitura. Sinceramente, ainda não tive o desprazer de ler um livro tão chato quanto ela. Até o Livro de Urântia é mais divertido (pelo menos os caras viajaram num esquema de alienígenas bem legal), embora seja quase tão fantasioso quanto. E não venham me dizer que a Bíblia não é um livro de ficção, pois muita coisa ali relatada já foi desmentida pela ciência, que é onde está A Verdade, afinal os caras usam métodos lógico-racionais para chegar às suas conclusões, o que é o inverso das religiões, que se baseiam na fé e não na razão. Eu sempre digo que só o que tem lógica, só o que é racional pode ser verdadeiro. Ainda não obtive provas em contrário.

Disse um pouco antes que as pessoas que possuem senso racional não aderem a religião alguma, certo? Certo! Só que infelizmente esse é exatamente o tipo de pessoa que está em falta no mercado. A idéia de inferno e suplício eterno está tão arraigada nas pessoas, e elas temem tanto que este seja o destino delas que não param para pensar se faz algum sentido.

Vamos lá. Perguntem a qualquer mãe se existe alguma coisa que seus filhos façam a ela que daria a ela a coragem de entregá-los ao seu (dela) maior inimigo para que seus filhos sofressem torturas e castigos por toda a eternidade. Salvo casos de ódio patológico, nenhuma mãe vai ter coragem de fazer algo tão hediondo a um filho. Dizem que o amor de uma mãe pelo seu filho é o que mais se aproxima do amor de Deus por nós. Que mais se aproxime, veja bem. Isso quer dizer que o amor de mãe ainda não é tão grande quanto o amor de Deus. Me diz uma coisa: se uma mãe não faria algo assim, por que Deus o faria?

Só isso seria o suficiente para qualquer pessoa deixar de acreditar em inferno e no Lúcifer, certo? Certo! Mas ninguém pensa nisso. O ser humano não usa a única arma que tem sobre todos os outros animais: a capacidade de raciocinar. É por isso que o mundo está do jeito que está. Não é porque o ensino religioso deixou de ser disciplina obrigatória. Não é pelo fato de alguns governos proibirem a afixação de símbolos de qualquer religião em prédios públicos (o que aprovo com fervor). Não é que Deus tenha nos abandonado por O termos abandonado. Não! Isso é desculpa de gente ainda mais irracional que a maioria. O mundo tá uma merda pelo simples fato de os humanos não raciocinarem, não ponderarem suas atitudes.

Acho que já viajei muito. Vamos voltar ao tema principal. Levando-se em consideração a inapetência generalizada para o raciocínio lógico, então vamos considerar que todos ainda acreditem em céu e inferno, e vamos voltar à questão principal deste post. Diante de todo o exposto, diz aí: você conseguiria viver num paraíso do jeito que é descrito nos “textos sagrados”? E se alguém que você gosta muito não fosse para lá e fosse condenado ao inferno? Você conseguiria viver em plenitude, sabendo que uma pessoa de quem você gosta e sabe que é uma boa pessoa, mas que nunca foi religiosa e tirava sarro dos textos sagrados, foi condenada ao inferno por causa disso? Por propagar heresias (como faço agora), sem nunca ter cometido outro pecado na vida?

Se você consegue, então é você que merece ir para o inferno. Eu jamais seria feliz sabendo que as pessoas de quem eu gosto estão sofrendo tormentos infindáveis. Não, senhoras e senhores. Por isso é que jamais uma religião que prega essas besteiras vai me conquistar. Prefiro ser ateu a ter que ver amigos no mármore do inferno, na boca do Lúcifer Maior ou qualquer outro nome que dêem a isso.

Minha namorada é católica e, certamente, ficará horrorizada se chegar a ler este texto. Mas espero que ela, assim como todos que tiverem acesso a este, pense bem se é possível ficar bem sabendo que pessoas amadas não estarão tão bem. E se vale a pena ir para um lugar tão chato quanto o Paraíso, onde certamente não haverá um show do Iron Maiden ou do Blind Guardian. Sinceramente, um lugar como esse, onde não se pode ouvir metal é, sem dúvida, um inferno para mim.
E para vocês? Seria divertido?

2 de maio de 2007

Esse Blogger é um figura mesmo...

Agora ele me vem com a opção de escrever em hindi. Ó, que bonito: वाई तोमर नो क, ब्लॉगर इडोता!!!

Realmente, muito instrutivo e útil.

Mas não foi por isso que eu vim aqui hoje, então que ninguém fique assustado, pois essa não vai ser a única postagem do dia. Aguarde e confie.