26 de junho de 2007

Sobre a vontade de mudar.

Outro dia estava eu passeando por uma de minhas (poucas) comunidades no Orkut (é, eu também tenho conta lá, e daí?) e ao responder a um tópico disse que sim, tenho vontade de morar no estrangeiro um dia. Explicitei naquela ocasião todos os motivos que me levariam a tal atitude. Um exemplo é a questão da cultura. Em países como a Holanda (que é meu alvo primário), ou mesmo a Finlândia, o acesso à cultura é muito mais fácil que aqui. Eu sei que livros têm isenção de impostos e outras vantagens, mas, mesmo assim, um livro ainda é caro. Eu que o diga, já que sou formado em Direito e comprei alguns livros.

Quando digo que tenho vontade de morar num país de primeiro mundo, não quer dizer que não gosto do Brasil. Eu gosto. Aliás, eu amo morar aqui. Não estão em outro lugar as mulheres mais bonitas do mundo (não importa o resultado do Concurso Miss Universo, aquela oriental era feia e só ganhou na base da roubalheira).

O que tenho é apenas a vontade de estar em algum lugar onde eu seja respeitado simplesmente por existir. Isso não acontece no Brasil. Eu gosto do Brasil, mas os brasileiros (não todos, evidentemente, mas boa parte) me dão nojo. Ninguém se importa com ninguém e todos só querem se dar bem, obedecendo, assim, à maior imbecilidade que já inventaram: a Lei de Gérson, que é uma abominação, afinal vai contra todos os princípios pregados por aquele hippie que foi crucificado há quase dois mil anos.

Não que eu tenha alguma fé no bicho-grilo de Nazaré, mas a maior parte do povo brasileiro se declara cristã, no entanto não perde uma oportunidade de "se dar bem", mesmo sabendo que isso pode prejudicar outra pessoa. Belos cristãos são aqueles que sonegam impostos e participam de outras formas de corrupção. Jogam lixo na rua, dirigem feito animais e muitas outras coisas que fazem diariamente e sabem que está errado, mas não ligam afinal o que importa é levar vantagem, qualquer que seja. Egocentrismo em sua forma mais concentrada, isso é que é. Desprezo qualquer 'centrismo que seja. Aliás, como diria Ferris Bueler, ismos não são legais (ou algo que tenha esse sentido).

Por essas e outras é que sou obrigado a concordar com Roger Moreira (vocalista do Ultraje à Rigor) quando, na música Filha da Puta, diz que “a terra até que é boa; o que estraga é essa gente filha da puta”. O cara disse tudo. Por isso toda vez que falo que quero, um dia, morar em um país de primeiro mundo e vem um imbecil me dizer que o Brasil é um lugar legal e que, se eu não gosto, eu que vá embora mesmo, eu explico a esse demente tudo o que escrevi anteriormente. Mas eu costumo utilizar um vocabulário bem mais chulo.

Mas é isso aí. Ainda vou morar fora, mas só até os brasileiros aprenderem a conviver feito os cristãos que eles afirmam ser, afinal, se quero me mudar não é pela terra e sim pelo povo. Vou para algum lugar onde não haja ninguém emporcalhando o nome da Nação fazendo demonstrações do que é carnaval (um dia falo mais sobre meu desprezo por foliões). Se bem que encontrar um lugar que não esteja infectado por brasileiros está cada vez mais difícil. Difícil não é sinônimo de impossível, então não morrerei por tentar encontrar tal Shangri-la.