23 de setembro de 2007


No último episódio vocês me viram reclamar das passeatas que eu classifiquei pejorativamente de idiotas. Não vou perder meu tempo explicando toda a filosofia do conceito e dos motivos que levaram tais atos a atingirem o mesmo. Fico só com o basicão, bem capitalista mesmo: essas passeatas atrapalham o bom fluxo de veículos (que em Brazólia nem é tão bom assim) e nós, pessoas de bem que trabalham (e não ficam vagabundando e atrapalhando o trânsito dos outros), ficamos estressados e produzimos menos ganhando, assim, menos dinheiro (não se iluda, é a coisa mais importante do mundo). Então é isso: passeatas atrapalham. Ponto.

Outra coisa que o leitor atento vai notar é que no último post, além da reclamação, também houve uma previsão, uma espécie de profecia. Eu disse que o julgamento do Renan não ia dar em nada. Não deu mesmo. Já não estranho mais esse tipo de coisa. Como habitante de um país onde 99,9% da população é composta por bandidos, já me habituei a tais disparates. E ainda têm coragem de dizer que vivemos em um sistema democrático. Tá bom...

E eu nem sei o motivo de dizer que apenas 99,9% da população não presta. O fato é que brasileiro nenhum presta. E ainda me aparecem uns caras-de-pau reclamando que todo político é corrupto. Claro que é! Como é que você espera retirar pitangas de um pé de acerola? Não tem jeito! Por mais que você escolha com cuidado a fruta, quando você morder será uma acerola. Assim é a democracia no que ela tem de mais sagrado. Quem está lá no poder é representante do resto todo. Não tem como escolher alguém honesto onde todos são bandidos. Sei que é bem clichê, mas ninguém é honesto neste País. Quem não excede o limite de velocidade, fura o sinal (não sou paulista, então é sinal e não farol) ou joga lixo não orgânico pela janela do carro ou, ainda, sonega impostos? Tudo criminoso. Como é que alguém pode ser tão estúpido de acreditar que possa existir parlamentar honesto se não há candidato honesto, pois que nunca se ouviu falar de brasileiro realmente honesto, que nunca furou uma fila, violando, assim, o direito de outra pessoa, cometendo, portanto, ato ilícito.

Mas chega de papo de estudante de Direito. Este texto acaba no ponto final mais próximo.